O mundo do pixuleco

05/06/2016 13:24

  Em um lugar distante, um mundo além do nosso sistema solar, existiu um mundo diferente do nosso. Este lugar pacífico um dia foi tomado de assalto, mas não pelas pessoas comuns que viviam nele (elas era pacificas), mas sim por pessoas que deveriam cuidar dos interesses dos demais, pessoas que foram colocadas democraticamente, eleitas pelos votos da maioria dos cidadãos. 

   Estes representantes do povo deveriam cuidar dos interesses dos cidadãos que depositaram sua confiança neles e o fizeram seus representantes, mas não foi o que aconteceu... Embevecidos pelo poder, tomados por uma overdose repentina deste poder, perderam seus rumos e o rumo de seu partido, esquecendo-se completamente o que haviam prometido ao povo, o que fariam se fossem eleitos.  

   Devido a má gestão e a precária administração, o mundo do pixuleco mergulhou em uma crise, a pior da sua história e o governo perdido e impotente, não sabia o que fazer para voltar a ser o país das maravilhas. O desemprego começou afetar boa parte dos trabalhadores, que se viram desempregados da noite para o dia e sem perceptiva de encontrar outro trabalho.    

   A falta e dinheiro e comida começou assolar as famílias consideradas antes de classe média e agora viviam (pelo menos por enquanto), as custas do programa do governo, que garantia ajuda por alguns meses, aqueles que perderam repentinamente seus empregos. 

   O crédito sumiu da praça como nunca visto antes e os juros a cada dia cresciam mais, aumentando o desemprego, a falência das pequenas e médias empresas e as grandes tiveram que reduzirem seus orçamentos para poderem sobreviver e ao fazerem isso, gerar mais desempregos. Diziam as más-línguas que para conseguir auxilio do governo, os desempregados tinham que esperar na “fila” pela concessão do beneficio, pelo menos quatro meses.    

   Este mundo precisava urgentemente de programas e ajustes no governo, para controlar a crise e fazer este mundo gerar novamente empregos que pudesse sustentar seus cidadãos, mas o governo nada fazia. Estavam mais preocupados em negociar favores em troca de cargos políticos e os grandes empresários os apoiavam, de olho nas futuras licitações.   

   A corrupção se alastrava igualmente a um câncer corroendo as bases de todas as esferas governamentais e também levando consigo, estes empresários corruptos, que tudo aceitavam em troca de favores do governo, se eles conseguissem ganhar, mais uma nova licitação para futuras obras, onde passariam a superfaturar acumulando mais riquezas para si, enquanto o povo que pagava estas supercontas, estavam a beira da falência.   

   No mundo do pixuleco tudo se conseguia, mas tinha que entrar pelo sistema de propinas que o governo havia criado e tinha se estabelecido muito bem. Tudo era comparado com os pixulecos, este dinheiro sinistro era o que garantia a impunidade do governo. Na hora de negociar com o governo, eram os pixulecos que faziam a diferença.  

   Revoltados os cidadãos saíram as ruas para protestar, mas nada aconteceu, as pessoas não tinha força e o governo não as ouvia, tudo ficou na mesma, após os fracos protestos. O governo e boa parte dos grandes empresários corruptos e corruptores continuavam a fazer das suas, negociando entre eles e o povo cada dia mais afundado na miséria. 

   Antes um povo pacífico, agora todos os dias se ouvia falara em assaltos a mão armada, homicídios, suicídios e latrocínios tomavam conta dos noticiários e ninguém sabia o que fazer. Onde havia paz e segurança, sobreveio, uma repentina destruição. Alguns cidadães comuns passaram a comporta-se de forma estranha, não respeitavam mais as longas filas que s e formavam em todos os lugares. Queriam ser sempre os primeiros, não tinham paciência para esperar e se não conseguiam se impor pela força, resolviam com um pequeno pixuleco.   

  No trânsito também havia perigo, muitos  não respeitavam mais as leis de trânsito, furando sinais e guiando em zigue-zague pelo trânsito já apertado, ocasionando assim, muitos acidentes. Nos estabelecimentos comerciais, pequenos furtos eram comuns e se alguém recebesse algum troco a mais ao passar pelo caixa, ninguém voltava a devolver. Todos queriam ter preferência e sobressair sobre os seus semelhantes, a própria população ficou acostumada a lançar mão do pixuleco sempre que precisassem e quem não tinha condições de pagar, tinha que esperar. Triste mundo do pixuleco, onde quem pagava as contas era o povo e quando o governo era questionado por seus gastos, ele nunca sabia de nada.

 

 

Autor: Sergio Weinfuter